CAMINHANTE

Quem será o caminhante,
que eu sinto dentro de mim,
as vezes quase correndo,
outras parando assustado,
como um velhinho cansado!

Quem será o caminhante,
que por vezes tanto de assusta,
com seus passos gigantes,
outras vezes, passos pequeninos e
bem insignificantes.

Será vida, o que sinto,
ou apenas, o cansaço
de uma enorme solidão...

"Será na luz dos ventos quietos e

das madrugadas sozinhas...

Ouvir-se-à um gemido de dor...

no balanço definido do fruto,

a realização da vida,

na fraqueza desse verde,

matará a solidão estéril,

dessas formas contorcidas e

pelo espaço dissipadas..."

"Um dia que será noite em teus olhos, deixarás pratos cheios e móveis abarrotados, cofres e enfeites, para a travessia da grande sombra.....

Entretanto, não vagarás de todo nas trevas, porque as milhagas de amor que tiveres distribuido, estarão multiplicadas em suas mãos, como bençãos de luz....

Luzes espargindo em cores, toque de magia, total doação.

O amor de Deus em sussurro e aconchego,

entrelaçando em sublime armonia,

transformando o tempo em buquê de flores,

deixando o perfume que abençoa o ser,

a sentir a essência de qualquer jardim...."

Sou clandestino no barco,

que ainda não embarquei,

vigio a esquina do casco neutro,

e junto a tensas cordas,

e desmemoriados ferros,

desafio as nauticas decisões

das gáveas que acomodam

tardias esperanças.

Talvez me largue ao vento,

sem regresso

ou então fique para ver outros

passarem,

com braços e portos

já nos olhos dormentes.

Me sinto eternamente,

ave colhida de inverno,

sem diálogo,

nem barcos,

sombra seca, que,

vária nas ondas,

marco de silenciosas dissolutas partidas.....